sexta-feira, 3 de julho de 2009

Entrevista com Riyoko Ikeda - Parte 9



Última parte da entrevista de Ikeda no volume 4 italiano. Agora, tenho que esperar que lancem os volumes 5 e 6, que estão atrasados. Nesta última prte, Ikeda fala de Oscar, chegando ao extremo de dar as medidas da personagem... Faltou, obviamente, a altura. Ikeda diz que se inpsirou em duas persoangens masculinas para construir Oscar, mas desde que comecei a ler sobre Antonieta, desconfio que falta alguém neste quadro, a Princesa da Lamballe. E isso se reforça, a minha impressão, eu digo, porque esta companheira tão próxima de Antonieta só aparece uma vez no mangá, e quem ocupa o seu lugar na série ao lado da rainha? Oscar. Para as outras partes da entrevista, é só clicar: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8.
ENTREVISTADORA: Falemos dela agora, Oscar, e dos segredos de seu nascimento.

RIYOKO IKEDA: Há várias figuras que serviram de modelo para Oscar: de um lado o General Jarjayes, um militar que permaneceu fiel à Maria Antonieta mesmo depois da sua prisão, tanto que arriscou a sua vida colaborando com Fersen no falido plano de fuga da família real;do outro o cabo (Nota da Tradutora: caporale aparece como cabo, mas não sei bem se é.) Pierre Hudin [Nota da Entrevistadora: aparece brevemente neste volume mesmo , como soldado da Guarda Francesa à serviço de Oscar, encarregado de acompanhar François Armand na enfermaria.], que apesar de ter servido diretamente à Maria Antonieta, liderou heroicamente o assalto à Bastilha. De Jarjayes tomei principalmente a lealdade à coroa; de Hudin a figura de um fiel da soberana que no fim se torna herói da revolução.

Exatamente porque é inspirada em personagens masculinos, Oscar no início deveria ser um homem. Todavia, naquela época ainda não me sentia muito segura do meu estilo e da minha capacidade narrativa e introspectiva para desenhar um protagonista do sexo masculino. A idéia de fazê-la mulher me veio quando descobri que naquela época muitas mulheres preferiam se vestir de homem. Para elas se tratava de uma escolha pessoal e não de uma imposição, como no caso da escolha do General imposta à filha, mas este fato alimentou a minha fantasia.


Recordo-me que em certo ponto decidi fazer interromper a carreira militar de Oscar, porque um alto posto militar terminaria por limitar a sua capacidade de ação, impedindo-a, por exemplo, de andar tranqüila pela cidade ou entrar em contato com personagens como Robespierre ou Saint Just.


A sua experiência com pessoas que não eram provenientes da aristocracia possibilitando que nutrisse dúvidas sobre os privilégios dos nobres, e creio que o percurso interior de Oscar seja um reflexo da minha experiência juvenil. Cresci no tempo das manifestações estudantis, participando delas enquanto era impossível estudar na universidade ocupada. Assim, apesar de não poder tomar muitas liberdades na construção de uma personagem histórica como Maria Antonieta, Oscar transformou-se em um pouco na representação de mim mesma e da minha experiência.


Um outro aspecto de Oscar que eu escolhi inventar intencionalmente é o seu uniforme. Queria reproduzir com o máximo de fidelidade as roupas da época, expressão máxima do rococó, e li muitíssimos livros sobre o assunto, estudando até como eram costuradas as roupas de baixo. Todavia, apesar de reproduzir em detalhes a moda de Maria Antonieta e das damas da corte, no caso de Oscar preferi modificar o uniforme porque na época eram muito simples e pouco esplendorosos. Os uniformes assumiram o seu fascínio particular graças a Napoleão: a escolha de ordenar ao mais famoso estilista do país que desenhasse os uniformes foi umas das suas escolhas estratégicas mais singulares e acertadas, com a qual pretendia incentivar as pessoas a se alistarem. (Nota da Tradutora: Até onde sei, o alistamento depois da Revolução era obrigatório. Aliás, foi a Revolução que criou a guerra de massa.) Por outro lado, a única coisa que interessa aos rapazes é fazer boa figura diante das moças, e aqueles uniformes rendiam um atrativo e tanto! Eu rio só de imaginar que se muitos não os tivessem usado, não conseguiriam atrair sequer um olhar de uma dama! Ainda hoje, muitos daqueles belíssimos uniformes estão conservados no museu dos Inválidos.


Uma conversa a parte vale para a roupa de baile de Oscar. (Nota da Tradutora: O termo é “odalisca” em italiano, se refere a um estilo de vestido "à l'odalisque", em francês. Muito obrigada, Shophy, por me avisar.) Ainda que em algumas imagens possa parecer rosa – na realidade se trata apenas de sombras de cores – é inocente como um vestido de noiva. Representa a pureza de Oscar, que com imensa presença de espírito escolhe romper a sua fixação por Fersen. Mesmo o estilo muito simples, porque não conseguia imaginar Oscar decorada com os vestidos elaborados em estilo rococó.


A propósito, uma curiosidade: Oscar tem 87 de busto, 63 de cintura e 90 de quadril. Eram as minhas medidas na época.

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