sábado, 21 de fevereiro de 2009

Entrevista com Riyoko Ikeda - Parte 3



Terminei a tradução da primeira parte da entrevista com a Riyoko Ikeda que veio de bônus na nova edição italiana da Rosa de Versalhes. Nesta parte, Ikeda fala das pressões dos editores e de como elas podem comprometer a saúde de um mangá-ka (*lembram que eu disse que me preocupo como a autora de Nodame Cantabile?*), ela tambám fala da diferença entre o que as leitoras exigiam e do que os leitores aceitavam, a questão dos detalhes. E ela explica o título do mangá! Só não diz qual a cor da rosa de Antonietta. Seria vermelha? Enfim, deu um pouco de trabalho, mas eu tinah que terminar. Para as outras partes clique 1 e 2. Ah, as imagens que usei na terceira e na segund aparte são fanarts. Eu não tenho mais o link, mas posso dizer que esta japonesa desenha as personagens de Ikeda com uma beleza que ultrapassa a própria autora.

Entrevistadora: Desenhar quase duas mil páginas em pouco mais de um ano sem nenhuma interrupção, deve ter sido um esforço enorme...

Riyoko Ikeda: Devo agradecer à energia que vinha da minha juventude. Naquele tempo, as revistas de mangá para meninas eram semanais; isso significava que eu deveria passar dias inteiros sem dormir e, no dia da entrega de um capítulo, desabava, dormindo por dezesseis horas seguidas. Depois, quando acordava, começava a desenhar o episódio seguinte. Os mangás para garotas, ao contrário dos mangás para rapazes, recebiam um maior trabalho por parte das autoras: enquanto os mangá-kas homens com freqüência delegavam muito do trabalho aos assistentes, as leitoras eram muito mais sensíveis e percebiam imediatamente um simples supercílio ou um cacho de cabelo eram desenhados por outra pessoa. Por esta razão, devia me responsabilizar por tudo, das complicadíssimas divisas
[nota da tradutora:de uniformes militares] aos detalhes dos cabelos, limitando o papel dos assistentes a funções muito reduzidas. Tinha somente tempo de comer comida pronta, o que piorou ainda mais um problema que eu tinha em um dos rins. Continuei desenhando mesmo com febre de 39°, mas quando o problema renal se agravou, fui internada às pressas. Os editores vieram rapidamente me pegar no hospital e me pressionaram a pedir alta e continuar a desenhar. Por coisas assim, minha vida tornou-se um inferno, mas aos 24 anos estava tão empolgada com o material que estava desenhando que freqüentemente, quando terminava um capítulo, ainda que estivesse esgotada não conseguia dormir. Assim, algumas vezes junto com as assistentes passeávamos em Tokyo para fazer compras, principalmente vestidos!

Entrevistadora: Imagino que desenhar “Le Rose di Versailles” foi muito difícil, se comparado com outros mangás, especialmente porque era necessário se manter presa a fatos, personagens e ambientações reais.

Riyoko Ikeda: Exato. Foi provavelmente a parte mais cansativa: apesar do pouco tempo que tinha, não podia retratar eventos falsos abandonando-me à fantasia, porque com uma mão devia desenhar e com a outra verificar os livros de história e as referências iconográficas. Além disso, quando comecei a desenhar, odiava o meu estilo, que se mostrava grosseiro e imaturo. Me recordo de fazer vir ao meu estúdio estudantes de Universidade de Arte de Musashino para me ensinarem desenho e pintura. Me adestrei especialmente a desenhar estátuas gregas de vários ângulos, e creio que seja visível uma maturação evidente entre a primeira e a última página do mangá. Queria a todo custo fazer uma obra de sucesso com a qual ficasse totalmente satisfeita, porque havia dedicado tempo e energia para melhorar sempre mais, sem ceder a tentação de uma contentamento fácil.

Entrevistadora: E chegamos ao mistério do título. Se diz que “Berusaiyu no Bara” indica que a “Rosa de Versailles”, se refere à Maria Antonieta.

Riyoko Ikeda: Na realidade, desde o momento em que concebi a série decidi que iria combinar uma rosa com todas as personagens: Oscar é uma rosa branca; Madame de Polignac, uma venenosa rosa amarela; enquanto Rosalie é um botão cor de rosa. Jeanne é finalmente uma fascinante e perigosa rosa negra. Então, não se trata somente de uma única rosa.

Entrevistadora: Se diz, também, que desde o início você preestabeleceu o signo zodiacal e o grupo sanguíneo de todas as personagens!
[nota do redator: o grupo sanguíneo no Japão é fundamental para definir o caráter de uma pessoa.]

Riyoko Ikeda: É verdade, esta é uma coisa que faço para todas as minhas personagens, e uma vez definido o signo zodiacal e o grupo sanguíneo, os faço agir de acordo com os comportamentos mais comuns a cada signo e grupo sanguíneo. Me parece que Oscar era do grupo A [nota do redator: associado no Japão a um caráter reflexivo, cauteloso e pacato] e Maria Antonieta de grupo O [nota do redator: que representa um caráter solar, aberto e sociáve], mas não me recordo bem. Se passou tanto tempo!

[Fim da parte 1]

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