sábado, 16 de maio de 2009

Capítulo 4: Ventos de Mudança (Parte 7)


Esta é a sétima parte do capítulo 4 da história que estou escrevendo. A sexta está aqui. Quando terminar a postagem, reunirei tudo em um arquivo *.pdf, para facilitar a leitura. Os três primeiros capítulos já estão em *.pdf e podem ser acessados neste link. As postagens deste capítulo são semanais, mas como postei na terça, ao invés de domingo, decidi colocar no sábado mesmo. Estou um pouco entediada aqui. Desculpem se o capítulo parece morno, mas de fato, a ação só vai recomeçar na oitava parte, por enquanto é mais falação mesmo. Como já disse antes, se alguém quiser comentar, sugerir, criticar (*educadamente*), eu agradeço.

4º Capítulo: SEGUINDO O CAMINHO - Parte 7

— É verdade que são os escolhidos? — O noviço de nome Francisco, um garoto franzino que parecia ter no máximo uns 10 anos, perguntou num sussurro.

— Acredito que sejamos. — Alda notou um alívio no olhar do menino. — Então, você também esperava o cumprimento das profecias?

Alda perguntou curiosa em saber qual seria a resposta da criança, mas ouviu-se um pigarro e o outro monge, o mal humorado de antes, apareceu. O garoto automaticamente recuou e se colocou bem longe de Alda. Ele estendeu o livro sem olhá-la nos olhos.

— Obrigada.

— Sigam-me. Francisco não cumpriu bem seus deveres, certamente ficou tagarelando. — Falou com voz lenta e calculada. — Ou já estariam em seus aposentos.

Na verdade, o monge é que tinha ido rápido demais. Preso de uma urgência estranha. O mosteiro pareceu à Alda um lugar bem pouco acolhedor, ainda mais à noite . Como estava frio, o melhor era estar recolhido diante de um fogo. Obviamente, monges não ligavam para essas “mordomias”, pensou Alda. Pelo menos, essa fora a impressão que tivera nas poucas vezes que visitara sua tia superiora.

Essa tia, que ela pouco conhecia, era irmã mais velha de seu pai, filha de um primeiro casamento de seu avô. Alda lembrava-se dela como uma mulher fria e amarga, embora tivesse muito poder. Seu mosteiro era muito rico, mas não tinha escolhido a vida religiosa. Quendo era menina, servira de peão dentro da política de alianças entre o rei e os De Brier, pois para que seu avô pudesse casar com uma princesa real, teve que se livrar dela. Seu único consolo, pensava Alda, era zelar para que seu mosteiro fosse o mais correto e rígido de todo o reino. Mas a moça deixou as lembranças de lado, pois já estavam chegando aos aposentos coletivos reservados para eles. Ela, no entanto, não pretendia ficar muito, pois sabia que as tropas da Rainha estavam no seu encalço. Quando entraram, Guilherme olhou para ela com uma raiva indisfarçável. Parecia, no entanto, bem melhor, pois um médico o havia atendido. "No final das contas," pensou Alda, "é isso que importa de verdade."

— Eu vou deixá-los a sós. — Começou o monge. — Acredito que tenham o que conversar, principalmente, quando parece que houve tão grande mal entendido. — E olhou com ar de comiseração para Guilherme que fechou ainda mais a cara. — Eu jamais poderia imaginar que você, Guilherme, seria enganado de forma tão... Oh, devo me penitenciar por ser indiscreto... — “E pérfido!” Pensou Alda que o seguiu com os olhos. Não devia confiar nele, algo dentro de si dizia isso.

— Você o conhece daqui do mosteiro? Ele o tratou pelo primeiro nome...

— Não fale comigo! — Guilherme virou a cara. — Você é uma aberração...

— Não sou uma aberração. — E depois completou ainda querendo ser gentil. — Mas você estava muito ferido e não tinha condições de me reconhecer como homem ou mulher. — “Nem de lembrar que lhe dei água na noite anterior...” — Pense em mim como uma das pessoas que arriscaram a vida para salvar você.

— Vestida assim? Com esse cabelo? Não seja leviana! Nenhuma mulher tem o direito de se passar pelo que não é. — Fez pausa. — Mas essa é a natureza das mulheres. Todas pérfidas! Enganadoras!

— Suponho que esteja incluindo sua mãe no meio das infames mulheres, também. — Ele ficou rubro. — Não tenho tempo para perder com tolices. Aliás, se tem algum problema com as mulheres, ou se foi tolo o suficiente para cair em uma armadilha uma vez,... — Guilherme levantou-se num salto e pegou Alda pelo colarinho. — Fique onde está, Erik. O Príncipe Guilherme não vai me fazer mal algum. — Ela falou olhando nos olhos do outro, apesar de saber que ele poderia, sim, quebrar o seu pescoço. — Solte-me! Não vou levar em conta este ato impensado, por causa do seu cansaço e das agruras que passou. Lembre-se que dentro de poucas horas teremos que continuar viagem e precisa descansar. — Sua voz manteve-se fria e calma, seus olhos verdes fixos nos olhos azuis do rapaz. E esta atitude irritou Guilherme ainda mais. Por fim, ele a largou. Erik respirou aliviado.

— Ainda acertaremos as contas por ter me enganado dessa forma. — Fez pausa. — Mas antes, tenho que pagar por ter salvado minha vida. Não quero dever nada a uma criatura como você. — A maior tragédia para ele era ter partilhado “coisas íntimas” com ela por pensar que estivesse tratando com um companheiro de armas.

Alda se afastou e Erik percebeu o quanto ela estava decepcionada. Ela sentou-se em uma mesa, a única que havia no aposento despojado de luxos, colocou a lamparina mais perto e começou a ler o livro. Erik se aproximou de Guilherme e disse em voz baixa.

— Se soubesse o quanto está sendo injusto, Alteza, não agiria dessa forma. — Fez pausa. — Minha Senhora, arriscou-se demais para trazê-lo aqui, mas do que se arriscaria se fizéssemos o caminho sozinhos. — Respirou fundo. — Eu não o teria trazido no estado em que estava, mas ela jamais desistiria. E a decisão foi acertada, ela apostou que o Senhor desejaria viver, mesmo contra todas as expectativas.

— E agora, — Falou alto, para que Alda ouvisse. — tenho mais um motivo para isso! Pagar o preço da minha vida a essa aberração que você chama de Senhora.

— Alteza, algo me diz, que sua dívida vai aumentar e muito nos tempos que virão. — Falou num tom neutro, quase indiferente, e se afastou. Suas palavras soaram como deboche a Guilherme que teve vontade de torcer-lhe o pescoço.

XXX

— Erik, começo a entender parte da nossa missão. — Começou, depois de haver lido por algum tempo. — Não diria que se trata de uma profecia. É mais uma história do tipo “Quando o reino estiver em perigo”. Não há nenhum indício de que seria agora, ou que seríamos nós... — Fez pausa. — Erik, não olhe assim para mim, enquanto você estiver por perto, sempre fará parte da minha vida. — Isso poderia ter soado aos ouvidos do moço como uma doce declaração de amor se Alda completado com: — Pouco me importa se você não é um dos escolhidos. Pois se tivesse um irmão de sangue, ele não me seria tão caro quanto você.

— Fico muitíssimo grato por suas palavras. — Era verdade e mentira ao mesmo tempo. — Mas o que está escrito exatamente?

— Todos os guerreiros reunidos receberão armas mágicas, feitas pouco depois do Grande Caos. Segundo o livro, elas já foram usadas duas vezes antes. Mas são as armas que escolhem seus donos. — Fez pausa. — Há também algo sobre um guerreiro que vem de longe, e que castigará os inimigos como o vento do deserto, fazendo com que caia sobre eles a negra noite do desespero... Parece tolo, não é? Mas é linguagem poética... E algumas palavras, eu não entendo. Parecem escritas faz tanto tempo que seu sentido se perdeu. Meu pai saberia ler melhor que eu... Sinal de que preciso estudar muito ainda. — Ela balançou a cabeça. — Agora algo me preocupa. A espada sagrada, ela não está no Castelo do Amanhecer. Ela está com o guardião, só o guardião ou a escolhida podem empunhar a espada. E o Guardião é o Conde de Sayers.

— Mas ele está do nosso lado, não está?

— Ele criou Alan, era amigo do Duque De Brier e da Rainha das Fadas... Mas é pai de Konrad, também, e ele é discípulo do tal Sir Richard que meu pai tanto teme... — Pensar em seu pai, fez com que seu coração se apertasse. — Espero que meu pai esteja bem... — Não! Não ia começar a chorar como uma garotinha!

— Milady? — Ele estava atento aos olhos da moça, onde lágrimas teimosas pareciam se agarrar.

— É possível que Konrad faça parte dos planos da Rainha, assim como aquele aleijão que me deram por marido. — “Sim, agora tenho um marido... Posso ser acusada de adultério por andar pelas estradas com homens estranhos e ser sentenciada à morte...” Suspirou. — Eu estou tão cansada, Erik. Talvez não faça mal dormir um pouco... Durma também. — Fechou o livro e afagou a mão do rapaz.

O que nenhum deles percebeu é que havia alguém, como uma sombra silenciosa, ouvindo sua conversa encostado à parede perto da porta. E, tão logo o som de vozes dentro do aposento cessou, desapareceu nos corredores escuros de onde tinha vindo.

2 pessoas comentaram:

Sua história está ficando cada vez melhor, a Alda é minha personagem favorita até agora, duvido que consiga gostar mais de outra personagem, se bem que o Haroldo e próprio Erik são personagens bem interessantes, e quanto a Haroldo, o fato dele ser um E.T. e ser tão parecido com um humano é um pouco incomum, me faz lembrar do Goku, não faria mais sentido ele ser um viajante do tempo (mesmo que isso já seja usado até nas novelas de record) do que ser um E.T.?
Quanto ao Guilherme no começo da história achei que ele ia ter uma personalidade bem diferente do que a que vem demonstrando agora, ele foi o que mais me decepcionou por enquanto.
De qualquer jeito estou esperando ansiosa pelo próximo capitulo ou parte de capitulo ^^.

Antes de tudo, muito obrigada pro comentar. Você acha que está melhorando? Eu só espero costurar bem os pedaços. Eu tenho que começar a escrever o capítulo 5 para depois reformar o 6 e o 7.

Eu gosto muito da Alda, também, acho desnecessário dizer, mas a questão é que outras personagens precisam crescer, e ela já começou grande. As vulnerabilidades que ela possui vão aparecer com o tempo. Haroldo é de certa maneira um viajante do tempo... Mas isso ele mesmo só descobre depois. E ele terá a chance de voltar “para casa”, mas aí a questão é “Qual casa?”. Eu até pensei que seria melhor ter feito o Haroldo cair ali, naquele mundo, já adolescente, só que para isso eu teria que reescrever tudo... tudo mesmo. Erik existe em função da Alda. Ele é personagem terciária, mas melhor não comentar mais aqui.

Guilherme não é mau, ele é um dos que precisa crescer muito com o passar dos capítulos. :) Vai fazer muita bobagem ainda. E é o mais velho do grupo.

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