sábado, 25 de abril de 2009

Capítulo 4: Ventos de Mudança (Parte 3)


Esta é a terceira parte do capítulo 4 da história que estou escrevendo. A segunda está aqui. Para ler os três capítulo anteriores, é só acessar esse link. Mexi pouco nesta parte, o que mais fiz foi mudar a ordem dos acontecimentos, porque achava que Alda, Guilherme e Erik tinham que dar o ar da sua graça. É uma parte curta, mas as que vêm depois precisam de mais reformas. Eu gosto bastante deste diálogo entre o Lívio e o De Mülle, talvez porque goste bastante dos dois, e porque ambos terão um destino bem trágico.

4º Capítulo: SEGUINDO O CAMINHO - Parte 3

— Erik, o mapa indica que devemos seguir em frente ou virar à esquerda? — Alda perguntou quando chegaram a uma encruzilhada.

— Em frente, M... Cedric. — Corrigiu-se rápido, pois estava acostumada a chamá-la "Milady". — Sempre em frente. — Erik olhou por sobre o ombro, pois o ritmo de Guilherme diminuíra sensivelmente na última hora. — Teremos que parar, ou ele não vai resistir. — Falou preocupado, pois as mãos de Guilherme, contrariando sua própria vontade, estavam trêmulas, e seu rosto terrivelmente pálido.

— Eu sei, Erik. Nós vamos parar, tão logo encontremos um lugar seguro. — Mas haveria algum lugar seguro? — Creio que nossa vantagem nos permite isso, não é? — Perguntou apreensiva.

— Eu a... — Começou sem convicção, mas pigarreou e forçando segurança na voz para estimular Alda respondeu: — Eu acredito que, sim.
XXX

— Fico feliz que tenha vindo, Senhor Marquês. — Falou Lívio saindo da sua posição de joelhos diante do altar quando De Mülle entrou na Capela. — Cheguei a pensar que não viria.

— Eu realmente pensei em não vir, meu jovem. Recebi sua mensagem quando as tropas se preparavam para partir e temi que pudesse atrair atenção sobre nós. — De Mülle se aproximou de Lívio que estava perto do imenso altar da capela vazia. — Que deseja de mim? — Perguntou um tanto temeroso.

— Tenho algo para lhe entregar, Senhor. Talvez o tranqüilize um pouco. — Dito isto, abriu seu gibão e retirou da bolsa que pendia de sua cintura, uma das tranças de Alda. — Ela manda dizer que tudo correu bem e que espera revê-lo em breve. — Falou com sua voz melodiosa enquanto de Mülle acariciava a trança da filha. O Marquês sentiu sua vista embaçar, pois tentava segurar as lágrimas.

— Acredita mesmo nisso, meu rapaz? Que vamos nos rever? — Perguntou olhando noss olhos do outro que respirou fundo.

— Deve ter esperança, Senhor. Deve ter esperança.

De Mülle guardou a trança da filha depois de beijá-la e colocou a mão direita no ombro de Lívio:

— Ouça o meu conselho, príncipe Lívio. Vá embora! Não fique aqui, ou seu destino será trágico. — De Mülle sentia um genuíno carinho por aquele rapaz que se arriscara tanto para ajudar sua filha querida. — Falo isso como um homem que foi tocado pelo mal e que vem pagando muito caro por isso. — Faça como lhe digo, volte para sua casa, para a universidade, ou mesmo um mosteiro, mas não fique neste Reino. — Lívio percebia algo de insano no olhar de De Mülle... Ele não percebia um traço de magia nele, logo, não se tratava de uma visão ou profecia. Era somente um homem batido e aterrorizado. “Que pecados este homem cometeu?” — Eu aguardo dias tenebrosos e quem quer que ganhe, ainda assim perderá muitíssimo. — Terminou agourento.

— Eu não posso... — Lívio falou com voz sussurrada. — Não posso porque estou preso aqui irremediavelmente, seja por laços de família ou pelo amor que... — Fez pausa e continuou com voz firme e lábios trêmulos. — Pelo amor que sinto por sua filha, Senhor. Esta é a verdade. Não posso partir porque tenho esperança... E porque talvez eu possa ser útil de alguma forma. — Respirou fundo. — Eu agradeço seu conselho de qualquer forma, e irei rezar por sua alma, qualquer que sejam seus pecados, eu sei que podem ser perdoados.

— Agradeço por isso. — De Mülle apalpou o bolso onde estava a trança da filha. — Eu sei a quem pertence a outra agora e compreendo. Creio que se pudesse ter escolhido, de alguma forma, ela escolheria você. “Sua Majestade poderia ter sido mais benevolente comigo, já que a servi tão bem.” — Dito isto, abraçou o rapaz. — Boa sorte. Devemos nos separar agora.

— Até a vista, Senhor! — De Mülle se foi e Lívio voltou à posição que estava antes de sua chegada, de joelhos ante o altar. "Senhor, proteja-a. Onde quer que esteja, proteja-a!"

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