terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cometando Hoshi o Ou Kodomo - Guestpost



Eu sempre peço ao meu marido para que ele resenhe os mil animes que ele assiste e ontem, quase que no nada, ele se ofereceu para resenhar Hoshi o Ou Kodomo (星を追う子ども), o novo filme de animação de Makoto Shinkai, que ganhou grande fama internacional a partir do seu filme Hoshi no Koe (ほしのこえ). O mangá foi publicado no Brasil pela Panini. Enfim, espero que vocês gostem da resenha.

Resenha de Hoshi o Ou Kodomo por Kamugin


Assiti ontem a Hoshi o Ou Kodomo (Children Who Chase Lost Voices From Deep Below). Lançado em maio de 2011, é o longa de animação mais recente de Shinkai Makoto (Voices of a Distant Star, 5 Centimeters per Second, The Place Promised in Our Early Days, etc.). Posso dizer que gosto dos movies de Shinkai Makoto, porém não penso que sejam “obras-primas”. Seu trabalho tende a ser superestimado. O maior mérito de Voices of a Distant Star, o primeiro a que assiti, é ter sido praticamente o trabalho de um homem só, uma tarefa monumental para um sujeito que dispunha apenas de seu Macintosh e da ajuda de sua namorada. Neste movie, a trama lembra em demasia Gunbuster do Estúdio Gainax, mas está longe de ter o mesmo impacto dramático.

Hoshi o Ou Kodomo não é muito diferente. Tal como Hayao Miyazaki, Shinkai Makoto se envolve em quase todos os aspectos da produção: direção, roteiro, edição, composição de cor e fotografia. Isto é muito louvável num diretor. Temos certeza de que o trabalho é dele, seja no que tem de melhor ou no que tem de pior. Este seu último filme surpreende pela grande semelhança visual com alguns dos movies mais conhecidos do Estúdio Ghibli de Miyazaki: há muito de Laputa em Hoshi o Ou Kodomo, mas também há um pouco de Mononoke Hime e de Nausicaä e o que sobra não difere de cenas e situações de outros movies Ghibli. Shinkai Makoto estava efetivamente querendo fazer um anime Ghibli, uma obra que Hayao Miyazaki pudesse assinar em baixo. Portanto falta originalidade, elemento essencial de qualquer obra prima. Copiar o Ghibli, não é sempre algo ruim, pode dar bons frutos, mas o resultado sempre será ofuscado pelos originais.



Apesar da grande semelhança com um produto Ghibli, Hoshi o Ou Kodomo não engana. Tudo é “excessivamente bonito”, as cenas são carregadas de elementos e cores a ponto de beirar o kitsch. A exibição insistente de um céu superpopulado por nuvens, pássaros, raios de sol ou estrelas termina por distrair o espectador. Definitivamente Shinkai Makoto não sabe que muitas vezes menos é mais. Gosto de dizer que assistir a um anime Ghibli é como ver uma obra de arte em movimento, há uma cuidadosa e espetacular representação da natureza e de objetos que, apesar de minuciosa, não busca o hiper-realismo (vide o Castelo Animado e Whisper of the Heart). Mesmo com toda a sua característica riqueza visual, as obras do Ghibli são sutis, não se está a todo momento exibindo alguma paisagem espetacular como se insistentemente afirmasse: isto é bonito! E é exatamente isto que Shinkai Makoto faz em Hoshi o Ou Kodomo. Em The Place Promised in Our Early Days, de 2004, as cores e paisagem eram elaboradas de forma um pouco mais contida. Ainda me falta assitir à 5 Centimeters per second.

Além do visual kitsch, neste movie, Shinkai Makoto peca pelo reteiro pouco coerente e mal concatenado. As motivações da menina protagonista (igualzinha às heroínas de Miyazaki) são confusas, pra não dizer fracas. Primeiro ela busca por alguém que já não pode mais encontrar e, mesmo após se dar conta disso, ela continua em frente por sentir demasiada solidão. Faria mais sentido ela voltar pra casa. Suspeito que seu verdadeiro motivo é apenas apreciar a paisagem de Agartha, o “mundo que existe sob o nosso mundo”. Outra incoerência é como, num estalo, uma personagem hostil, assassino em potencial, se torna um amigo e companheiro de viagem! Há ainda um evento que é colocado na trama de forma abrupta e mal justificada, mas não vou contar o que é para não dar spoilers.

De tudo que eu disse, não depreendam que não gostei de Hoshi o Ou Kodomo. O novo movie de Shinkai Makoto vale o ingresso, ou o download, no meu caso. Se porventura for lançado em Blu-Ray no Brasil, eu compro. Sim, Blu-Ray, porque sua riqueza visual, ainda que exagerada, merece ser vista em full HD 1080P. Não é uma obra-prima, mas é um bom movie, melhor mesmo que a média dos longas de animação que saem por aqui.

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