quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mangá: romance em quadrinhos é um sucesso no Japão



Este artigo foi publicado no Canadian Bussiness Magazine e apesar de focar nos negócios da Harlequin - a editora especializada na publicação de romances românticos apra mulheres - ela é de interesse geral. A matéria fala do mercado de mangá, da forma como a Harlequin entrou no japão, das parcerias com indústrias japonesas e das possibilidades de distribuição de mangá digital no ocidente. Vale a leitura. Quem quiser, pode ler o original em inglês.

Mangá: romance em quadrinhos é um sucesso no Japão

Adaptando o seu formato aos gostos japoneses, a Harlequin é um sucesso no negócio dos mangás
por Laura Cameron

Stephen Miles, vice-presidente executivo de operações internacionais da Harlequin Enterprises, sediada em Toronto, viaja uma pelo menos uma semana todos os meses, visitando dois ou três países em cada viagem. “Quando eu assisti Lost in Translation, eu disse para os meus filhos, ‘Este é o meu trabalho,’” Miles diz. A tarefa de exportas romances românticos para o mundo envolve preservar as características do produto Harlequin que o fizeram universalmente atraente – a clássica história de amor – e adaptar aspectos do negócio que mudam a depender do mercado, tais como conteúdo é formatado e distribuído. Mas, apesar da necessidade de encontrar este equilíbrio, Miles insiste que não é um negócio complexo.

Chegando ao Japão, Miles diz, não foi necessário ser um gênio para pra compreender que a Harlequin, de propriedade da Torstar, precisava mudar o seu formato para penetrar no mercado japonês – mais de 50% da ficção adulta no Japão é lida em formato de quadrinhos chamado de mangá. Mangá, que é traduzido literalmente por "desenhos irreverentes," é um gênero de quadrinhos que é lido por pessoas de todas as idades. Nos anos 1990, a série de TV Sailor Moon tornou-se bem conehcida no Ocidente como a versão animada de um mangá moderno de romance de autoria de Naoko Takeuchi. De acordo com uma pesquisa feita por uma companhia japonesa, a Impress R&D, a indústria japonesa de mangá teve lucros de 380 milhões de dólares no último ano fiscal.

“Se você for a uma livraria no Japão – e elas estão em todas as esquinas – metade dos livros da loja são quadrinhos,” diz Miles. “Fez sentido para nós publicar nossos livros em formato mangá.”

Mas a Harlequin decidiu ficar com o que sabia fazer – o negócio com texto – e licenciou suas histórias para uma editora japonesa de mangá para ver o que poderiam aprender desse mercado. Sua parceira, a Ohzora, pegou os romances da Harlequin em inglês, traduziu-os para o japonês e contratou um artista para ilustrá-los ao estilo mangá.

O negócio com os mangás foi bem sucedido sob o comendo da Ohzora, e em 2006 quando a Harlequin lançou os e-books no Japão, a decisão natural a seguir foi lançar os mangás em formato digital, também. Segundo Miles, Harlequin tomou o comando da publicação dos mangás porque a Ohzora não estava desejando investir nessa área e no crescimento dos negócios.

A Harlequin viu os mangás digitais como uma grande oportunidade, e foi rápida em reconhecer que a área dos celulares era um importante campo de negócios no Japão, onde a transferência de dados é rápida e barata, graças a uma rede de um gigabyte-por-segundo. Transferir ilustrações de mangá exige muita banda, mas como a internet para celulares no Japão é muito avançada, mangás podem ser lidos facilmente nos celulares. Além disso, os caracteres japoneses tornam possível ler mais texto que em outras línguas em uma tela pequena. Para facilitar essa nova forma de distribuir conteúdo, a Harlequin fez parceria com a SoftBank Creative, a terceira maior companhia de celulares (*ou seria de conteúdo para celulares?*) do Japão.

Hoje, o Japão é o maior mercado internacional da Harlequin. As vendas de mangá digital ultrapassaram 10 milhões de dólares em 2009, mais de 100% do montante de 2008. Quase todas essas vendas foram no Japão, mas de acordo com Miles há um grande mercado para os mangás digitais em toda a Ásia. A Harlequin está expandindo os seus mercados junto com sua parceira a SoftBank –ano passado elas chegaram na Coréia, e, no momento, estão trabalhando para expandir suas atividades na China. Este ano, eles vão entrar em Taiwan, na França e nos EUA.

O potencial de crescimento não é tão grande nos países ocidentais, onde o mangá é, no máximo, um mercado de nicho. A Harlequin está focando no crescimento do seu mercado de e-books no Ocidente, onde a tecnologia de celulares é menos avançada e os e-readers estão se tornando mais populares. Atualmente, a Harlequin está lançando a sua linha de e-books no Reino Unido, na França e na Austrália.

Apesar da Harlequin estar sendo rápida na adaptação aos diferentes mercados e aos diferentes modelos de distribuição, a principal razão para o sucesso da companhia é o duradouro apelo que os romances românticos têm para as mulheres. A Harlequin é a única editora que foca exclusivamente nas mulheres, o que Miles diz que possibilita um foco muito maior na pesquisa. “Sabemos muito sobre nossas clientes,” ele diz. Permanecendo fiel ao seu negócio principal possibilitou a empresa a se sair melhor durante a recessão do que outras editoras de livros de ficção. Seu material oferece às mulheres um escapismo que não é caro. “O garoto conhece a garota e eles permanecem se amando para sempre,” diz Miles, “É um modelo simples, mas que funciona.” E o elemento mais importante do negócio dos romances românticos, claro, é que “elas têm todas finais realmente felizes.”

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