sábado, 19 de setembro de 2009

Entrevista com o Colin Firth no Estadão



O Estadão publicou hoje uma entrevista com o Colin Firth. Isso vai se tornar comum, principalmente se o filme fizer sucesso. Óbvio, que já tem site por aí - especialmente GLS - falando que ele é favorito para o Oscar. E quem são os outros concorrentes? Me poupe. A entrevista é mais ou menos, a repórter acha que quando ele fala de "Maldição de Darcy" está se referindo à Bridget Jones (*vou ali me enforcar e já volto*) e usa "homossexualismo" ao invés de "homossexualidade". Mas, enfim, não poderia deixar de publicar.

Um homem singular

Melhor ator em Veneza, Colin Firth fala em Toronto de outro papel, baseado em Wilde
Elaine Guerini, TORONTO

reação de Colin Firth ao receber uma notícia trágica por telefone foi o que provavelmente influenciou o júri do Festival de Veneza a entregar ao britânico o prêmio de melhor ator por A Single Man. No papel de George Falconer, o protagonista precisa convencer em poucos minutos de toda a dor e a perplexidade ao ser comunicado da morte de seu companheiro de 16 anos, em acidente de carro. O choque ainda vem acompanhado do aviso de que ele não poderá comparecer ao enterro, "reservado exclusivamente à família". "Não sei explicar o que senti na hora da filmagem. Mas foi como se a minha vida tivesse acabado num minuto", disse Firth, em Toronto, onde desembarcou esta semana, vindo diretamente de Veneza, para promover dois filmes, dois épicos.

Selecionado para a mostra Special Presentations do festival canadense, A Single Man é ambientado em Los Angeles em 1962, quando o professor interpretado por Firth não consegue superar a perda do amado, enveredando por pensamentos suicidas. Na adaptação do clássico literário de Oscar Wilde, Dorian Gray, o ator é transportado para a Londres do século 19, onde sua missão é corromper o jovem que dá nome ao filme - com exibição na seção Gala Presentations, de Toronto. Sem caráter competitivo, a 34º edição do festival dirigido por Piers Handling será encerrada hoje, entregando apenas o prêmio de público e outros de incentivo. "Melhor assim''", brincou Firth, de 49 anos, em entrevista ao Estado, concedida em suíte do hotel Intercontinental. "Ainda estou sem palavras para descrever o que senti na Itália."

Aceitou seu prêmio em Veneza num italiano impecável. Sua mulher (a produtora italiana Livia Giuggioli) deve ter ficado orgulhosa...

Mas ela nunca me ensinou nada (risos).

Então você teve tempo para preparar o discurso de agradecimento...

Tive. Não deveria revelar, mas fui avisado por telefonema algumas horas antes da premiação. Felizmente a câmera não estava apontada para mim quando me chamaram ao palco, como acontece durante as cerimônias de entrega do Oscar. Seria ridículo ter de fazer cara de surpreso.

O que representou a conquista da Copa Volpi?

Um prêmio no início da minha carreira talvez tivesse mudado algo. Mas agora é tarde. Já conheço muito bem o mecanismo na indústria e aprendi a não me sentir intimidado por ninguém. Embora me sinta honrado, continuarei a ser muito crítico sobre o meu trabalho. Somente agora entendo melhor por que muitos vencedores choram ao receber o Oscar. Sempre achei aquilo exagerado. Nunca faria isso, mas reconheço que dá mesmo um nó na garganta.

Com o prêmio, espera colocar definitivamente para trás a imagem de ator de comédia romântica, com a qual é mais associado? Sobretudo pela franquia Bridget Jones.

Li certa vez que a minha carreira estava sofrendo da "maldição de Darcy"(Mark Darcy, seu personagem na série de filmes protagonizada por Renée Zellweger). Mas nunca acreditei nela. Ter alguns blockbusters no currículo nunca arruinou a carreira de ninguém.

Você sentiu em algum momento no set de A Single Man a veia fashion de Tom Ford, por ser a primeira experiência do estilista na cadeira de diretor?

Se as pessoas não soubessem que Tom é estilista, ninguém procuraria vestígios do mundo da moda no filme. A Single Man foi filmado lindamente e o elenco tem muito bom gosto para se vestir. Não dá para negar. Mas tudo tem a ver com a época em que a história é contada. Não vejo nada colocado na trama por motivo meramente decorativo. Mesmo quando um belo modelo espanhol aparece em cena, ele representa o desespero do protagonista de voltar a enxergar a beleza da vida e a reaprender a viver o momento. O roteiro me tocou profundamente por esse aspecto.

O homossexualismo é bastante sutil no filme.

Tom deixou claro desde o início que não se tratava de uma história de amor homossexual. Mas simplesmente de uma história de amor. É por isso que George, com o coração em frangalhos, não quer mais ninguém. Ele se satisfaz apenas em olhar para o jovem estudante que vai dormir em sua casa. Ele não quer sexo. A abordagem também combina perfeitamente com a época, em que os homossexuais tinham de ser invisíveis, pela reprovação social.

E qual a sua motivação para encarnar Lord Henry Wotton, o facilitador de todas as crueldades do protagonista em Dorian Gray''?

Eu e Ben (Ben Barnes, que encarna Dorian Gray) vivíamos em competição no set para saber quem era o verdadeiro vilão da história. Quem executa as atrocidades ou a mente que arquiteta tudo diabolicamente? O que mais me instigou foi justamente a perversidade do meu personagem em desvirtuar um jovem tão belo e inocente. E ele morde a isca, sacrificando tudo, para manter a sua beleza e juventude.

Vê paralelos com Hollywood, onde muitos atores se recusam a envelhecer?

Sim, é claro. A indústria do cinema é marcada pelo excesso de botox, cirurgias plásticas e transtornos alimentares. Não dá para acreditar no que as pessoas fazem com os seus rostos. Muitos deles estão virando múmias (risos).

2 pessoas comentaram:

Valéria, essa coisa de "homossexualismo" e de "homossexualidade" é bem discutível, heim. O argumento de que o "ismo" denota doença não faz muito sentido, já que é usado também em termos como "Iluminismo" e "Romantismo", certo? Não sei qual é a orientação no Estadão, mas, na Folha de S.Paulo, por exemplo, os repórteres são cobrados de usar a grafia "homossexualismo"!

Diogo, não sei se são cobrados, mas leio jornais sérios (Folha, Estadão, em linhas gerais se qualificam como jornais sérios) o suficiente para saber que a forma mais aceita e utilizada é "homossexualidade". "Romantismo" é um movimento, uma idéia.

O termo "Homosexualismo" foi cunhado no final do século XIX com o intuito de marcar uma doença ou desvio de comportamento. É exatamente por isso que não deve ser utilizado, é rejeitado pelo movimento gay e recusado na academia por quem se recusa a propagar a homofobia. Caso da autora deste blog. Por isso, não há o que discutir. Pegue as origens do termo. Como e por quem foi criado. Há farto material de acesso na net.

A repórter pode ter pecado por desconhecimento, o que é difícil de acreditar, ou por negligência, o que vale a crítica. Quanto ao resto, se existe uma diretriz, muitas matérias desses mesmos jornais já não trazem. E não o fazem exatamente, porque o termo "homossexualismo" está sob crítica há pelo menos 20 anos.

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