sábado, 31 de março de 2007

Abaixo o Consumismo! Censurem as Meninas Superpoderosas!



Censura... Selo de Qualidade... Trata-se de uma tentativa de ingerência. O governo atual, sob a desculpa de garantir “qualidade” quer decidir o que podemos ou não ver e agora vai criar um selo de qualidade para os programas infantis. O viés ideológico é evidente. E a declaração do diretor-adjunto do Departamento de Justiça e Classificação Indicativa do ministério, Tarcízio Ildefonso, sobre as Meninas Super Poderosas deixa bem claro isso:
"No tempo em que eu era criança, o local de confraternização dos Superamigos era o Palácio da Justiça. Hoje, a confraternização das meninas heroínas acontece, muitas vezes, em um shopping. Isso não torna, de maneira nenhuma, o desenho inadequado. Mas, na minha opinião, ele também dificilmente seria considerado recomendado, porque esse gesto é segregacionista, já que nem todos podem fazer compra em shopping, além de ser um estímulo ao consumismo”
Vejam só o tipo de comparação. Há estímulos consumistas nas Meninas Superpoderosas? Sim, há, mas eles estão diluídos de forma que causam muito pouco estrago. Já imagino o deus nos acuda quando a versão anime aparecer... Se deixarmos o “diretor-adjunto” decidir, realmente, só receberão censura livre os desenhos absolutamente descolados da realidade. Crianças tomando sorvete no shopping é propaganda consumista, afinal, crianças não tomam sorvete, ainda mais em lugares como shopping centers...

Certamente os antigos supers da Liga da Justiça, personagens rasas como uma tábua de passar roupa, não trariam contradições nem grandes chances de reflexão para as crianças, ainda mais estímulos consumistas. E os brinquedos? Batmóvel, Jato Fantasma, bonecos e fantasias dos supers... Lembro de tudo isso sendo vendido. Só não lembro se teve sorvete.
Os caras que vão classificar têm em mente os desenhos (*ruins*) de sua infância como parâmetro, e sempre são desenhos americanos. Lembra o cara octogenário que sempre votava no Pica-Pau no Troféu Imprensa, porque o desenho não era violento (*Cóf! Cóf!*) e passava boas lições para nossas crianças. E Pica-Pau ganhou por anos e anos a fio.
Os resultados desta política intervencionista a gente vê até na tv por assinatura, é a censura aos animes. Lá no fórum do Anime-Pró alguém criou um tópico perguntando porque a audiência dos animes na TV é baixa... Primeiro eu não sei se é ou não é, parece que o IBOPE só mede algumas capitais e nunca conheci ninguém com aparelhinho em sua casa, depois, volta e meia explode algum escândalo falando de medições erradas ou manipuladas e sempre lembro do Top TV que era comentado nas ruas do Rio, nas escolas, é comentado por amigos e desconhecidos até hoje e dava traço de IBOPE pela Record... Mas vamos ao que interessa.

Desenho tem que passar em horário acessível para crianças e adolescentes. Considerar algo como Ranma 1/2 material adulto é ridículo e censurá-lo colocando blur é absolutamente descabido. A Liga da Justiça, o desenho novo, é "mais adulto" e passa no horário do almoço, sem censura e com altas doses de violência (*sem nudez, claro, sem insinuações de sexo, também... Heróis ainda têm dificuldades com essas questões...*). Será que a Liga da Justiça é mais censura livre que As Meninas Superpoderosas, também? Não sei como Bob Esponja não entrou na ciranda, com seu herói de orientação sexual mal definida e que trabalha em uma rede de fast foods sugestionando as criancinhas a caírem dentro dos hambúrgueres. De qualquer forma, só os animes são mutilados... É a regra para o século XXI, um retrocesso e tanto.
Quando eu era criança e adolescente, os desenhos animados - animes inclusos - passavam pela manhã e à tarde, hoje esses horários ficam ocupados por programas de fofocas, programas femininos de alguma utilidade e mundo cão (*tente assistir Casos de Família - acho que este é o nome - no SBT*). As crianças perderam seu espaço e a rede que tenta exibir animes não tem alcance nacional e tem que exibi-los censurados, competindo com as novelas da Globo e, agora, da Record.
É uma luta desigual, em especial, nos lares com uma TV somente e onde é proibido trocar do canal Globo. A moça que trabalha aqui em casa, por exemplo, acha "Rebeldes" uma má influência para suas meninas (*no que eu até concordo*), mas como ela resolveu? Agora a tv tem que ficar na Globo e só na Globo... Aconselhei uma medida menos radical, não sei no que deu. Falo também por experiência, minha mãe quando saía queria que assistíssemos às novelas e contássemos o que aconteceu, se mudássemos de canal para a Rede Manchete, levávamos bronca e ela ficava com raiva de nós... Com o videocassete, as coisas melhoraram um pouco...
A Manchete exibia animes à noite, também, nos bons tempos. Aliás, a Manchete passava anime em qualquer horário do dia, a CNT tinha aquele programa Clube do Hugo que exibiu Macross bem depois que a Globo tinha exibido a “versão” americana chamada Robotech. Veja que alguns animes, como alguns desenhos, tipo Simpsons que passa ao meio dia sem problemas na Globo, deveriam passar a noite. Gantz, por exemplo, é material adulto. Agora, se para passar na TV aberta for censurado, que sentido tem? A Bandeirante exibiu até anime hentai – Urotsukidoji, A Lenda do Demômio – sem cortes e em horário adequado 23:30. Mas claro, tem pai e mãe que não conseguem colocar seus filhos na cama, nem têm controle sobre o que as crianças vêem daí, é melhor entregar para o Governo, ele sabe o que é bom para todos nós...
Houve até programas com recorte infanto-juvenil que exibiam animes, como o TV PoW e games que, na época, não incomodavam ninguém, apesar da galera que tinha telefone – pouca gente, o lá de casa só chegou em 1989 e minha mãe tinha feito inscrição em 1982... ela até pensou que era trote quando dissemos que o telefone tinha sido instalado – ficasse tentando ligar por horas e dias à fio. Passavam Angel, Rei Arthur, animes que tinham morte, tensão, violência estilizada. Imagina o que fariam com Super Aventuras?!
Hoje isso é passado. Temos animes mutilados, animes sendo tratados como ameaça. Chato. Mas sempre vai ter um gênio dizendo que o problema é a "pirataria". Eu realmente não assisto anime na TV aberta, aliás, nem na fechada. Além da censura, algo intolerável, não suporto a nossa dublagem atual, mas não pensem que com isso estou defendendo anime legendado na TV aberta. Somente não assisto, não preciso, mas sei que muita gente gostaria de poder assistir.
Animes na TV aberta, animes sem censura, animes com boa dublagem, animes em horário adequado, fariam com que o número de fãs – crianças, adolescentes, adultos – sem net (*maioria neste país, embora muita gente nos fóruns ignore isso*), sem TV por assinatura (*maioria neste país, embora muita gente nos fóruns ignore isso*), sem aparelho de DVD ou dinheiro para comprar pirataria (*alguns que têm dinheiro, não sabem onde comprar*), pudessem assistir animes, conhecer novas séries. E animes na TV aberta ajudariam a vender mangá, claro. Com a situação que temos, e já disse isso aqui, duvido que Naruto dê metade do lucro que poderia dar, duvido mais ainda que se aproxime do fenômeno que foram Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco.
Lembrem-se que censura é sempre ruim, quando você defende a censura está defendendo que alguém pode decidir por você. Os pais devem decidir pelos filhos pequenos e dar-lhes instrumental para fazerem escolhas conforme forem crescendo. Tapar o sol com a peneira é covardia, mas é mais fácil do que ter que dizer “não” e desligar a TV ou mudar de canal. Se é para censurar, não exiba. E olha que eu não sou a favor de que se exiba tudo, muito menos em qualquer horário, somente não concordo com a censura, o falso moralismo e a imposição de ideologias bolorentas e opiniões pessoais sobre todos nós.
Bem, esse post imenso se inspirou em uma matéria da Folha de São Paulo de domingo que segue abaixo. Como me aborreci por conta dela, deixei de postar antes e não tinha parado para estender meus comentários. É possível que esta coluna sirva de base para uma coluna do Anime-Pró.

Governo vai indicar programas infantis
Ministério da Justiça começa a conceder selo "especialmente recomendado" a atrações para crianças e adolescentes. Novo manual lista valores como respeito e honestidade para que pais orientem os filhos; associação de TVs critica: "É dirigismo cultural"
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

As "Meninas Superpoderosas", diariamente, salvam o planeta da ameaça de terríveis vilões. O desenho, sucesso entre o público infantil, tem classificação livre, ou seja, não tem restrição a crianças de nenhuma idade.
No entanto, mesmo com todos os seus superpoderes, as meninas Florzinha, Docinho e Lindinha dificilmente convenceriam os classificadores do Ministério da Justiça a lhes concederem o selo de programa Especialmente Recomendado para Crianças e Adolescentes (ER), novidade que consta da nova portaria de classificação indicativa do governo.
A explicação para isso é dada pelo diretor-adjunto do Departamento de Justiça e Classificação Indicativa do ministério, Tarcízio Ildefonso.
"No tempo em que eu era criança, o local de confraternização dos Superamigos era o Palácio da Justiça. Hoje, a confraternização das meninas heroínas acontece, muitas vezes, em um shopping. Isso não torna, de maneira nenhuma, o desenho inadequado. Mas, na minha opinião, ele também dificilmente seria considerado recomendado, porque esse gesto é segregacionista, já que nem todos podem fazer compra em shopping, além de ser um estímulo ao consumismo", avalia o diretor.

Prazo para adequação

A nova portaria de classificação indicativa já foi publicada no "Diário Oficial" da União e deu um prazo até 13 de maio para que as televisões se adaptem a ela. Uma das novidades é que, além de classificar como livre determinados programas infantis, o ministério passará também a indicar aos pais programas que sejam especialmente recomendados por trazer mensagens de solidariedade, honestidade, respeito aos demais e por estimular as habilidades cognitivas, entre outras características positivas listadas no novo manual de classificação indicativa.
O objetivo do novo selo, de acordo com o Ministério da Justiça, é oferecer mais um instrumento aos pais para que orientem seus filhos no momento de assistir à televisão. Nenhuma emissora será obrigada a veicular programas recomendados, mas elas terão de informar ao telespectador qual a classificação de cada um deles. O aviso terá de aparecer, durante cinco segundos, no início de cada programa.
O modelo é inspirado em experiências dos países nórdicos e de nações desenvolvidas como Inglaterra e Canadá, mas foi recebido com severas críticas pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
"Isso é discriminatório. Entendemos que não deve existir um conteúdo livre e outro recomendado. Quem vai definir quem será recomendado e quem será apenas livre serão classificadores do Ministério da Justiça. Na nossa opinião, isso é dirigismo cultural", afirma Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Abert.
José Eduardo Elias Romão, diretor do departamento de classificação indicativa, discorda, argumentando que os critérios para definir a classificação são objetivos e constam do novo manual.
"Os critérios que definimos não são de governo. Eles estão contemplados na Constituição e, por isso, não estão sujeitos a determinações partidárias ou ideológicas. Isso é uma tradição em países democráticos", afirma.
Para Slaviero, da Abert, os países que inspiraram a portaria do Brasil não servem como referência. "A cultura desses lugares é diferente. É outra educação, e a formação também é diferente. No Brasil, a imensa maioria da população se informa pela televisão aberta, o que nem sempre acontece nessas nações."

Pioneiros

Apesar da polêmica, o Ministério da Justiça já concedeu a 13 obras audiovisuais o selo de especialmente recomendado (veja quadro ao lado).
A primeira a receber foi a série "Juro que Vi", produzida pela MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro) a partir de roteiros elaborados por alunos de escolas municipais cariocas.
Por enquanto, ainda são poucos os programas que passam na TV aberta a receber o selo, mas, para Regina de Assis, presidente da MultiRio, é uma questão de tempo.
"As experiências de países que premiaram bons programas infantis mostra que, a partir do momento em que eles são reconhecidos, há um estímulo para a produção de outros produtos com qualidade. No Brasil, aos poucos, as grandes emissoras vão acabar se sensibilizando e reconhecendo que é preciso oferecer uma programação de qualidade para o público infantil, e não apenas nos horários considerados para crianças", diz a presidente da MultiRio.

saiba mais

Voluntários dão parecer sobre recomendação
DA SUCURSAL DO RIO

Para que uma obra receba o selo de especialmente recomendada, ela precisa primeiro ser considerada livre para todas as faixas etárias. Para isso, não deve ter cenas de violência, sexo, drogas nem discriminação. A análise para determinar se, além de livre, aquele conteúdo é também recomendado é provocada pelo ministério ou a pedido dos produtores do programa.
Inicialmente, o produtor responde a um questionário padrão e sugere a classificação de sua obra. O programa então é avaliado pela equipe de classificadores do ministério, formada principalmente por profissionais da área de ciências humanas, como psicólogos, pedagogos, advogados ou comunicadores. A análise é feita sempre por pelo menos dois profissionais de formações distintas.
Após a avaliação, o ministério precisa, no caso dos programas que pleiteiam o selo ER, consultar uma equipe de voluntários que dará o parecer sobre a recomendação ou não em sessão pública, aberta aos produtores da obra. Essa equipe é formada por cerca de 80 pessoas, recrutadas principalmente em universidades, associações de defesa dos direitos da infância e promotorias.
Antes de fazerem parte do corpo de voluntários, esses profissionais recebem treinamento do ministério, onde são informados sobre a linha orientacional do trabalho e os critérios que constam no manual de classificação indicativa.
Esse corpo de voluntários atua também sempre que um produtor de uma obra discorda da avaliação do ministério. Nesse caso, há um prazo de 72 horas para que haja uma definição da classificação.
Os critérios para que um produto seja especialmente recomendado podem ser consultados no site www.mj.gov.br/classificacao.

11 pessoas comentaram:

Pra variar, o governo esquece as questões prioritárias do país e se preocupa com "besteiras". Quando colocarem nas novelas da Globo a mesma censura que se aplicam nos animes, aí sim podemos dizer que há alguma justiça neste país.

Olha, censurar novelas da Globo não seria sinal de justiça. Não vejo problema algum nas novelas. Controle remoto e botão de ligar e desligar existe para que as pessoas usem. Justiça é pararem de agir de forma hipócrita cortando animes, perseguindo séries específicas, impedindo que certas idéias sejam passadas. Censura é ruim para todos, censurar todo mundo não a tornaria mais justa.

Acho que me expressei mal, mas nossas idéias convergem. Apenas quis demonstrar como é que a Justiça trata os animes de forma discriminatória, pois tem muito material com cenas que poderíamos dizer "inapropriadas" para o horário nobre, mas que são liberadas nas novelas. Censura é ruim em todo lugar. Cabe ao país dar educação para podermos ter capacidade de discernir e selecionar o que nos é bom com o "controle remoto".

Sabe que pelo que eu acompanho de novela não vejo grandes motivos para considerar qualquer material inapropriado. Como disse um novelista "censurem a vida real". Bala perdida, violência desmedida, desprezo pela vida humana... Isso é real. O que me incomoda mais é ver novelas elitistas, machistas e racistas como as do Sr. Manoel Carlos. Mas isso não é considerado inapropriado. Inapropriado é dois homens se beijando. Legal. Imorais são os nosso políticos e das falcatruas deles não sabemos nem a metade, pois aí, sim, existe censura...

Eu falo "inapropriada" da mesma maneira que consideram "inapropriada" para um anime. Se na novela aparecem casais em cenas "tórridas" de amor, nudez parcial ou até total, por que não no anime? A Cláudia Raia "derrubando" a casa com o Gianechini seria censurado num anime? Será que não existe criança noveleira? Huahauah! Sobre o que é imoral, você disse tudo!!

Bem, novela das oito, na verdade das nove, passa em horário adequado. A questão é que hoje os animes não podem ter sangue, drama, nudez, não podem ter nada. Veja o post sobre Alpen Rose que fiz e tente imaginar este anime sem cortes em nossa tv... É um material para meninas e adolescentes novinhas.

Desviando, mas sem sair do assunto, esse cara nunca viu um episódio de "As meninas super-poderosas"... Confraternização num shopping? Geralmente elas estão em casa ou na escola! E quando sobra tempo (elas estão sempre ocupadas salvando a cidade...) só vejo elas brincando no parque! Estou imaginando coisas?

Sempre comparam os desenhos atuais com desenhos antigos... Mas desenhos como pica pau, pernalonga e Tom & Jerry estão recheados de violência contra animais, armas de fogo etc.

Essa é a porcaria do país que vivemos... Se querem censurar alguma coisa, deviam censurar é a Tv Câmara e a TV Senado, onde se vê mais podridão do que em filme pornográfico.

Ah sim, os mensaleiros estão todos soltos... Essa é a "educação" dos "cumpanhêro petista"....

se as meninas superpoderosas ensinam o consumismo, imagina o que ensinam as novelas???Tanta pornografia, violência...
Seria mais sensato se eles censurassem esse tipo de coisa
afinal não são todos que seguem as modinhas das tvs
antigamente uma criança podia ligar a tv a qualquer hora, hj em dia tem até a classificação etária!

Pena que nós não podemos censurar o que queremos, se não garanto que esse político não seria mais político e sim um 'político censurado'

Os cara preocupam demais com desenho hoje em dia. Até parece que criança não assiste novela e ainda por cima do lado dos pais.

Aff

Por isso que assisto legendado, pelo simples fato de ser sem censura.

Related Posts with Thumbnails