domingo, 26 de dezembro de 2004

Capítulo 1: Ecos do Passado (parte 5)

Você deve ter lido a parte anterior deste capítulo. Ele foi cortado para facilitar a leitura, e tem quatro partes até agora. Agora, você está quinta metade. Se caiu aqui por engano, clique para retornar para a parte anterior.


XXX

— É tão difícil escolher quando se tem tantos vestidos... Qual devo usar hoje? — Um batalhão de criadas, tentando dissimular o tédio, exibia dezenas de vestidos diante de uma adolescente que demorava horas para decidir qualquer coisa. — Certamente eu preciso ser o centro da festa, afinal, sou a princesa, e não deve haver mulher mais bela do que eu hoje!

— Se me permite fazer uma sugestão, Alteza. — Uma das mulheres falou. — O púrpura lhe cairia muito bem, combina com seus lindos olhos. Veja! — Levando-se em conta o quanto a menina era vaidosa, um elogio era mais que fundamental.

— Realmente, me cai muito bem... Uma boa sugestão, Ernestine. — Todas respiraram aliviadas diante desta última frase de aquiescência. Seu ar indeciso era o que mais odiavam nestas horas. — Mas talvez o...

Nesse momento ouviram-se três batidas na porta e um criado anunciou a Rainha. A porta se abriu e todos se curvaram, diante de uma mulher belíssima, alta e morena vestida de negro. Era a Rainha que ainda guardava luto fechado pela morte do marido que ocorrera dois anos antes. Com um sinal de mãos quase imperceptível ordenou que as mulheres se retirassem. Um criado, vestido com as cores do Reino, a seguia com um pequeno cofre nas mãos.

— Vejo que está empolgada com as festividades. Isso é um bom sinal, todos sofremos muito com a morte de seu pai, já é hora de continuarmos a viver. — Sentou-se em uma cadeira e Marina fez o mesmo. — Continuamos procurando por seu irmão, mas creio que os inimigos de seu pai... Esqueçamos disso agora. — Fez uma pausa ensaiada. — Minha querida, eu tenho um presente, para que use na festa de amanhã.

— Presente?! — A menina deu um salto na cadeira. — Eu adoro presentes!

— Eu sei disso, mas abra, é seu. — Marina abriu o cofre e seus olhos brilharam, era um colar belíssimo, com pedras que ela não conhecia. Sua madrasta realmente tinha um gosto extraordinário para jóias.

— Eu nunca vi algo tão perfeito! — Disse tocando a jóia com seus dedos delicados.

— Foi feito especialmente para você. Por que não retira este colar que está usando e experimenta o que ganhou?

Marina tocou a jóia que estava em seu pescoço, um colar que havia sido de sua mãe, presente de casamento da Rainha das fadas. Antes de morrer sua mãe a fizera jurar que jamais o retiraria. Apesar de fútil e vaidosa não poderia quebrar esta promessa.

— Eu creio que não poderei usar esta jóia. — Fez pausa. — Espero que não se ofenda, Senhora. — E entregou a caixa ao servo.

— Ora, que tolice! Se teme pela jóia, eu a guardo para você. — Fingiu avaliar o colar que a menina usava. — É um colar tão velho e fora de moda. Não se compara com este que estou lhe dando! — Ela estendeu a mão para tocar o colar e Marina se ergueu da cadeira e recuou.

— Ele não é velho! Foi de minha mãe e eu jamais hei de tirá-lo! Jamais! Por jóia nenhuma neste mundo ou qualquer outro! — Os olhos de Dominique faiscaram, mas ela respirou fundo, deveria ter contado com esse ataque repentino, afinal a enteada podia ser extremamente teimosa. Fez cara de ofendida e depois falou:

— Perdoe-me, eu só queria vê-la feliz. — Mudou de assunto. — Espero que me acompanhe no jantar alguns convidados chegarão ainda hoje. Recorda-se de sua prima Alda ela estará aqui. Tem mais ou menos sua idade e dizem que é extremamente culta.

— Me desculpe, eu fui rude. Eu adorei seu presente, não pense que não. Às vezes, me comporto como uma criança! — Desculpou-se Marina segurando a mão de Dominique e a beijando. A outra não disse nada, só acariciou sua cabeça loura e saiu. “Tenho total controle sobre ela, é uma questão de tempo!”

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