segunda-feira, 18 de março de 2024

Editor da revista Betsufure explica por qual motivo temos mais adaptações de shoujo para dorama do que para animação

O Manga Mogura trouxe o resumo de uma entrevista com a editora da revista Betsufure.  Não sei se é a responsável pela revista inteira, ou por um número de títulos, em especial.  O MM não colocou editor-chefe, então, imagino que seja editor mesmo.  São somente três parágrafos, mas é importante deixar essa informação registrada aqui:  Segue o texto traduzido do post o que está entre colchetes é comentário meu:  

Informações interessantes de uma entrevista recente com uma editora de mangá da revista de shoujo mangá Bessatsu Friend:

- A razão pela qual os mangás Shoujo são mais frequentemente adaptados como live-action do que anime é que os cineastas precisam de um certo número de filmes de romance dentro de um ano para atender à demanda do mercado para assistir em datas [especiais], etc. [Há demanda de mercado, as agências querem vitrine para seus idols e é mais barato fazer dorama do que fazer anime.] Além disso, essas histórias oferecem papéis adequados para jovens atores bonitos. Além disso, os orçamentos de anime são mais altos, portanto, mais adequados para histórias Shounen e os cineastas/responsáveis ​​são mais frequentemente homens. [O mercado de shounen mangá é mais amplo, os custos de se fazer uma animaçã0 são maiores, e a maioria dos responsáveis pela execução e escolhas são homens.  Logo, para apostarem em um shoujo anime, eles precisam ter certeza de que vai dar certo, porque já está funcionando muito bem como livro, mangá ou game.]

- Os mercados Shoujo estrangeiros não são importantes/considerados na criação de obras. A continuação do mangá será decidida após o lançamento do volume 2 no Japão. As vendas internas são geralmente o principal fator decisivo se uma obra é cancelada ou não. [E isso vale para todas as outras demografias.  Não é coisa só de shoujo mangá.]

- De acordo com esta editora, o shoujo mangá está em desequilíbrio no momento com muitos trabalhos focados em romance, mas é isso que está vendendo melhor. Esta tendência tem ocorrido nos últimos 10-15 anos e acredita-se que seja causada pelo terremoto de Tohoku e pelo desejo de ler histórias mais fáceis de digerir após a tragédia.  [O sofrimento alimenta a necessidade de escapismo, mas será realmente que o gênero romance, que deve ser romance escolar, cresceu tanto assim?  Afinal, desde meados dos anos 1960, é o gênero dominante dentro do shoujo mangá.]

Logo em seguida, comentando o post do Manga Mogura, alguém postou o link de uma entrevista feita com uma editora da revista Betsufure, Mayu Nakamura, profissional responsável por alguns títulos.  Ela é longa, talvez, eu traduza.  O link está aqui.  Eu traduzi somente a opinião (*porque é opinião*)  de Nakamura sobre o que diferencia shoujo de shounen e seinen.  Com certeza, ela deve estar usando shoujo para englobar josei, também:

Manga Passion: O que pessoalmente mais lhe agrada em trabalhar com shoujo mangá? O que você diria que é o apelo desse tipo de mangá?

Nakamura-san: Na minha opinião, o que distingue os mangás shoujo dos mangás shounen e seinen é que eles abordam e retratam o eu interior de uma pessoa. Por exemplo, o ambiente social após o nascimento e o crescimento, os problemas familiares, etc. são desenhados como se você estivesse se colocando no lugar da pessoa. Acho que os leitores veem as pessoas dessa forma e, portanto, acham isso interessante. Portanto, também acho que o shoujo é um segmento onde a personalidade de cada manga-ká aparece com força e as emoções dos personagens são retratadas com cuidado. Fico feliz quando a visão de mundo do manga-ká toma forma e eu posso refletir a visão de mundo dos artistas de uma forma que agrada aos leitores da mesma era moderna. É por isso que acho que o apelo do shoujo manga reside na estreita colaboração com o manga-ká. É difícil explicar.

domingo, 17 de março de 2024

Comentando Assassinos da Lua das Flores (EUA/2023): Cruel, Revoltante, Necessário e, infelizmente, não levou nenhum Oscar.

Terminei de assistir hoje ao filme Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon), dirigido por Martin Scorcese e baseado no livro homônimo de David Grann.  A película foi indicada a dez prêmios Oscars, Direção, Atriz,  Ator Coadjuvante, Filme, Canção Original, Trilha Sonora Original, Figurino, Design de Produção, Edição e Melhor Fotografia, surpreendendo ao ficar de fora dos indicados de Roteiro Adaptado.  E não levou nada, o que foi muito injusto.  Aliás, Scorcese é muito lembrado e pouco premiado.  Além disso, Leonardo DiCaprio não ser indicado, também é algo que surpreende, porque ele é o centro do filme.  Segue o resumo:

Nos Estados Unidos dos anos 1920, as pessoas com maior renda per capita do mundo eram membros do povo indígena Osage, de Oklahoma.  O petróleo, descoberto em 1897, trouxe grande riqueza para os Osage e atraiu para a região uma série de aventureiros e criminosos que cobiçavam o petróleo e o dinheiro dos nativos. Na década de 1910, uma série de mortes suspeitas e assassinatos começam a tragar os nativos ao longo dos anos.

Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), um ex-combatente da 1ª Guerra Mundial, chega à região e se coloca sob a proteção de um dos homens mais poderosos do local, William King Hale (Robert De Niro), que é seu tio.  King Hale começa a sugerir ao sobrinho que ele poderia se aproximar de alguma das mulheres indígenas, caso não tivesse nojo de se deitar com ela, e se tornar um homem rico.  King Hale lhe explica que os Osage são um povo magnífico, mas que tem uma saúde delicada, eles morrem fácil.

Mollie Kyle (Lily Gladstone) é herdeira de uma grande fortuna junto com sua mãe e três irmãs.  Ela se torna o alvo perfeito para Ernest e seu tio.  Toda a família de Mollie termina morrendo, seja por alguma misteriosa doença, ou de forma violenta.  A mulher, que tem diabetes e uma saúde efetivamente frágil, busca forças dentro de si para lutar para que as mortes de suas familiares e as de outros Osage sejam investigadas, chegando a integrar uma comissão que vai até Washington pedir ajuda federal.  

A revolta vai crescendo entre os nativos a medida em que os acontecimentos sórdidos vão se somando.  Por fim, os indígenas pagam para que o governo dos Estados Unidos faça uma investigação.  O auxílio termina chegando em 1925, com o envio e agentes do recém criado FBI, seu jovem diretor, J. Edgar Hoover, convoca um antigo Ranger texano chamado Tom White (Jesse Plemons) para comandar a investigação. White reúne uma equipe secreta ― que inclui um agente indígena (Tatanka Means) infiltrado na região  ―  e, junto com os Osage, expõe uma das conspirações mais assombrosas da história dos Estados Unidos.

Assassinos da Lua das Flores é filme excelente e muito angustiante.  Gostei bastante, mas, efetivamente, ele renderia mais se Scorcese decidisse fazer uma minissérie com altíssimo investimento e com uns cinco episódios.  Muita informação termina passando meio batida, quando renderia boas discussões dentro da película.  Por exemplo, King Hale é da maçonaria, provavelmente, todos os homens brancos importantes faziam parte da sociedade secreta.  King Hale não confia na Klan e fala mal do grupo quando a KKK decide vir para a região e se propõe a dar segurança aos indígenas.  Será que o grupo de King Hale, e que tinha uma loja maçônica, embarreirou a ação da KKK?  É possível.

Tenho um livro sobre história dos Estados Unidos chamado O Século Inacabado, que tem um delicioso capítulo sobre a KKK e como ela não conseguiu se criar em alguns lugares.  Dentre eles, localidades onde os católicos eram maioria e muito bem organizados.  Os Osage foram catequizados pelos franceses (*originalmente, eles habitavam o Mississipi*) e o catolicismo é a única vertente cristã que aparece no filme.  É possível que maçonaria, catolicismo e interesses e King Hale e seus amigos tenham embarreirado  a KKK.

Da mesma forma, como todo mundo que importava era membro da maçonaria, investigar de verdade qualquer crime cometido na região deveria ser complicado.  O fato é que dentro do filme, há personagens secundários e terciários que poem não saber das extensões das maquinações e crimes de King Hale e seus sobrinhos, Ernest e Byron (Scott Shepherd), mas certamente estão cientes de que há dedo do poderoso tio nas mortes.

Algo que se estaca no filme é como Assassinos da Lua as Flores conseguiu caracterizar bem a exploração sofrida pelos Osage e o racismo rasgado do lixo branco que só quer roubar a riqueza dos nativos. E a única coisa que o lixo branco tem para se orgulhar é da sua branquitude mesmo. Igualzinho por aqui, aliás, e o sociólogo Jessé Souza fala muito sobre isso.  Uma das cenas mais interessantes do filme é quando, pouco antes a morte da irmã mais velha de Mollie, Anna (Cara Jade Myers), estão todos em uma grane reunião de família e um casal de velhos brancos analisa as crianças mestiças que estão brincando supervisionadas pelas babás brancas.

Ambos tem nojo, repulsa, não do dinheiro, mas de que seus filhos, sobrinhos, seja lá o que for, estejam casados com mulheres nativas. E é ótimo que o filme não tenha cortado o racismo dos discursos e ele vem de forma muito forte contra indígenas, negros, judeus. Enfim, o casal se coloca a analisar e comentar as crianças e um diz algo como:  "Fulano e Ciclano são como o dia e a noite.  Fulano talvez consiga passar por branco, se ninguém conhecer sua mãe."  Uma mãe nativa pode ser eliminada e é o que efetivamente acontece várias vezes no filme.  Agora, nesta mesma excelente cena é complicado entender quem é filho e quem e quem é casado com quem.

Minnie (Jillian Dion), a primeira irmã de Mollie a morrer, é casada com Bill Smith (Jason Isbell).  Depois que ela definha até a morte, e isso acontece com vários osage, pois veneno era um meio comum de eliminação, Smith se casa com Reta (JaNae Collins), a irmã mais nova de Mollie. Não sei se havia filhos do primeiro casamento, ou se houve o segundo, porque quando a casa de Bill e Reta é explodida, só há o casal e a criada branca na residência.  Então, aquele monte de crianças na cena da reunião de família me deixaram realmente confusa.

A explosão da casa, um dos momentos mais dramáticos do filme, fez com que muitas das personagens começasse a falar do Massacre de Tulsa, também em Oklahoma, no qual uma vizinhança negra próspera foi estruída no dia 31 de maio e 1921, pelo ataque de supremacistas brancos.   É considerado o maior massacre promovido por questões raciais da história dos Estados Unidos, como mais e trezentas mortes, centenas de feridos e de desabrigados.  Os crimes contra os Osage não foram concentrados em dois dias, mas se estenderam por anos, da década de 1910 até 1931.  Eles incluíam não somente a morte, mas o roubo e propriedades, dinheiro, violação e cadáveres em busca de joias e outros bens de valor.  

As leis do estado de Oklahoma, com a anuência do governo federal, consideravam boa parte dos nativos incapazes e gerir sua riqueza e eles precisavam e guardiães que cuidassem de sua fortuna.  O filme dá a entender que, mesmo casada, o guardião de Mollie não era seu marido, mas que havia outro homem responsável por gerenciar as renas avindas do petróleo.  É realmente trágico que terras pobres e quase improdutivas cedidas para indígenas e negros (*vide o caso a menina Sarah Rector*) tenham se provado ricas, por causa o petróleo e outras riquezas descobertas no subsolo e atraído tanta desgraça.

O filme é muito rico, tanto que, como pontuei, ele talvez funcionasse melhor como uma minissérie.  Lendo sobre a produção, Martin Scorcese repensou os rumos da película para dar mais protagonismo aos indígenas (Depois de um certo ponto, eu percebi que estava fazendo um filme sobre homens brancos. Eu estava trazendo uma abordagem de fora, o que me preocupou”), porque, no livro original, a personagem central parece ser Tom White, o agente do FBI.  Scorcese sacrificou parte da investigação e coloca a revelação dos criminosos, que a audiência já sabe quem são dedse o início, na segunda hora de filme, a partir daí, temos o foco nas prisões, no tribunal e na relação entre Mollie e Ernest.

Agora, algo muito complicado é o olhar amoroso e complacente em relação à personagem de Leonardo DiCaprio.  Para o diretor, ele realmente amava Mollie.  Um amor estranho, cheio de contradições, mas amava, e ela, que só se divorciou ele em 1926, algo que nem é mostrado no filme em si, também tinha sentimentos por ele.  Me parece um salto do diretor e que DiCaprio entrega de certa forma.  Já a interpretação de Lily Gladstone me parece mais centrada na ideia e que Molly sabia que precisava se manter fria para conseguir que alguma justiça fosse feita.  O próprio diretor diz que Ernest era somente um homem fraco.

Aqui, discordo do diretor.  Ernest é um criminoso desde o primeiro momento.  Ele não é inteligente como o tio, daí, vários deslizes dele ao longo do filme.  E ele quer salvar a própria pele, também.  Ele não é um coitado.  Se escalassem um ator mais jovem, porque a Molly original era bem mais velha que o marido, talvez, pudessem defender que ele era jovem e manipulável, mas não é o caso.  Ernest seria capaz de tudo, ele participa ativamente do envenenamento de Molly.  Ele a chama de puta (bitch) em uma discussão.  Ele até parece amar os filhas, mas eles eram fundamentais para que ele atingisse seus objetivos.  Para mim, Ernest é pior que King Hale.

Na verdade, ele só é mesmo intelectualmente limitado e, por isso, King Hale e mesmo Byron, seu irmão mais novo (*que parece mais velho*), conseguem tirar tanta vantagem dele.  Aliás, King Hale iria se livrar e Ernest mais cedo, ou ainda mais cedo, segundo a lógica do filme. Falando nisso, se DiCaprio é um vilão contraditório, que parece vacilar em algum momento, a personagem de Robert De Niro é um vilão clássico.  Ele se apresenta como um pilar da sociedade, fala a língua os Osage, finge se preocupar com eles, mas, quando está longe, mostra too o seu nojo, desprezo, racismo.  King Hale parece culto e polido se comparado com a maioria os homens brancos o filme, mas sua origem é a mesma, ele só ganhou verniz enquanto ascendia roubando e fraudando gente mais fraca ou intelectualmente limitada que ele.  Sei que o Oscar de Coadjuvante tinha dono, mas Robert De Niro merecia MUITO a estatueta.

E a Lily Gladstone? Sua Molly tem muitas camadas, ela passa por muitos momentos no filme.  Estava doente desde o início, ela é diabética, mas vai tirano forças para lutar por justiça, mesmo que definhe diante de nossos olhos.   Aliás, quando inventam a história de injeções de insulina, já sabia o que iria vir pela frente. A forma como a atriz demonstra a sua dor a cada perda e como parece fria e distante quando toma conhecimento (*isso se já não desconfiasse*) a traição do marido mostram a versatilidade a atriz. Pena que ela não tenha levado o Oscar. Simples assim. E não estou rebaixando a Emma Stone, que fique claro. Simplesmente, seria um Oscar justo e histórico ao mesmo tempo.  Se ela tivesse sido indicada à coadjuvante, não teria saído de mãos abanando, eu tenho certeza.

Outra coisa a comentar é a quantidade de atores de primeira linha que fazem papéis pequenos, mas importantes, neste filme.  O advogado de King Hale, por exemplo, é o Brendan Fraser e ele tem pouquíssimo tempo de tela. Já o  John Lithgow, nem lembro de ter visto.  O final do filme, com o programa de rádio True Crime, não me agradou, mesmo que o próprio Scorcese faça uma ponta com um texto que tenta marcar a denuncia do silenciamento dos crimes  contra os Osage.  As penas e prisão, ainda que perpétuas para alguns, foram perdoadas totalmente.  Com tantos assassinatos, eu fiquei pensando "Ué, Oklahoma não tinha pena e morte, não?".

Fui pesquisar.  Hoje, só o Texas executa mais gente que Oklahoma e as penas capitais nunca foram uma escolha difícil no estado.  Então, porque King Hale e Ernest e outros envolvidos pegaram SOMENTE perpétua?  A única justificativa é o fato de serem nativos as vítimas.  Os brancos que morreram, como o marido e a criada de Reta, irmã de Mollie, foram anos colaterais.  Assim, é muito ofensivo isso.  O governo federal mudou a legislação para tentar conter a apropriação de terras dos Osage por parte e brancos, mas o sistema de tutela ainda demorou a cair.  Aliás, eu não sabia quase nada de Oklahoma, agora, sei demais, porque Tulsa, os crimes contra os Osage, tudo no mesmo lugar.

Concluindo, o filme é muito bom, poderia ser melhor em um formato minissérie.  Agora, ele é muito cruel, muito pesado, não é tão pornografia da violência quanto Silêncio, mas há umas cenas e sequências terríveis.  Por exemplo, a forma como fazem a autópsia do corpo de Anna é e dar arrepios.  Por outro lado a complacência com Ernest é uma escolha o diretor que me incomoda, porque não vejo nada de realmente dúbio na personagem do DiCaprio, ele é um criminoso mesmo, tanto quanto Hale.  E o final do filme, deveria ter sido mais convencional.  O programinha de rádio me surpreendeu, verdade, mas não me impactou em nada mesmo.  De repente, o problema é comigo.  

Entre Oppenheimer e Assassinos da Lua das Flores, o segundo é muito mais interessante e impactante, mas, talvez, não seja tão redondinho como filme.  e qualquer forma, o Oscar era um jogo de cartas marcadas este ano, bastava observar as premiações que antecederam a cerimônia de domingo passado, só foi muito injusto que Assassinos da Lua das Flores não ficasse com um prêmio sequer.  Agora, vamos ver se eu termino e ver os três filmes o Oscar que ainda me faltam.

É Amor, Amizade ou Admiração? Mangá sobre a amizade entre quatro garotas em um colégio feminino tem seu primeiro volume lançado no Japão.

Toi et Moi (トワ・エ・モア), de Nui Nakatou, é uma série publicada na plataforma Palcy e recebeu destaque no Comic Natalie com o lançamento do primeiro volumes.  Achei o traço bonito, pelas poucas imagens que vi (*o primeiro capítulo está no PR Times, mas as ilustrações são pequenas*), e com algo que lembra o traço dos shoujo da transição dos anos 1950 para os anos 1960.  

A atmosfera, claro, é a dos hana monogatari, isto é, as histórias que se passam em escolas femininas nas quais se desenvolvem amizades intensas e amores impossíveis.  Além de estar bem nos moles dos shoujo yuri como Oniisama E... (おにいさまへ…) e Maria-sama ga Miteru  (マリア様がみてる).  A pergunta "É Amor (Koi), Amizade (Yuujou) ou Admiração (Akogare)?" está nas matérias que achei sobre a série.

Segundo o CN e o PR Times, a série tem quatro protagonistas, que formam dois pares diferentes.   A primeira dupla é formada por Seira, que é solitária e não tem amigas, e Chigusa, que tem como marca registrada a sombrinha e as meias com babados.  As duas, isoladas no ambiente escolar, desenvolvem uma intensa amizade.  O segundo par é formado por Yae, uma aspirante a escritora que está em crise quando se trata de submeter seu trabalho, e Yukiyo, que sofre bullying no clube de teatro por ser apenas uma garota bonita.  Usando suas fraquezas como armas, as duas melhores amigas iniciam seu desafio no teatro!  Não encontrei scanlations.

sábado, 16 de março de 2024

Universitária quer criar recordações de colegial perfeito de shoujo mangá em novo mangá da revista Dessert + pequena resenha dos primeiros capítulos

Esta semana foi lançado o primeiro encadernado do mangá Okuremashite Seishun (おくれまして青春), de Kira Hanamaru, que é publicado na revista Dessert, a mesma de Yubusaki to Ren Ren (ゆびさきと恋々), guardem essa informação.  O anúncio estava no Comic Natalie.  Eu não conhecia a série, mas fiquei curiosa em dar uma olhada e havia quatro capítulos disponíveis em scanlation.  Vou começar dando o resumo do ponto de partida do mangá e, a seguir, faço uma pequena resenha do que li:

Wakaba tem 20 anos e é uma estudante universitária que não pode aproveitar a sua adolescência, porque estava sempre estudando. No Halloween, ela decide sair vestida com o uniforme escolar tentando criar memórias de uma falsa adolescência para preencher o vazio que sente.  Ela termina sendo salva de um assediador por um colegial chamado Tachibana.  Wakaba acaba convencendo o garoto a sair com ela em um encontro dos sonhos, daquele tipo que ela nunca teve quando estava no colegial.  Só que Wakada termina descobrindo que, na verdade, Tachibana também é um estudante universitário como ela.  

Tachibana ia a uma festa à fantasia, mas ela foi cancelada e ele terminou vagando pelo bairro vestindo seu antigo uniforme escolar.  Quando estavam se separando, Wakaba propõe para o rapaz que continuem se encontrando, que ele a ajude a montar um conjunto de memórias falsas que uma colegial de shoujo mangá teria para guardar por toda a vida.  Tachibana, apesar de parecer um sujeito com a cabeça no lugar, termina embarcando nas fantasias de moça, porque, como vocês poderão notar, caso peguem o mangá, ele está apaixonado.

Consegui somente os primeiros capítulos, o mangá começa muito bem, o primeiro capítulo é engraçadíssimo.  A informação que coloquei no resumo de que a protagonista é leitora de shoujo mangá não é dada em nenhum momento, mas, volta e meia, ela está deitada em algum lugar com o que parece ser um mangá.  As fantasias que ela alimenta, e que aparecem dentro da história também são típicos clichês de shoujo escolar.  Logo, não há dúvida.  Em alguns momentos, Wakaba me lembra a delirante protagonista de Heroine Shikkaku (ヒロイン失格), de Momoko Koda.

Wakaba fala o que lhe vem na cabeça, sem parar para pensar e, logo em seguida, se arrepende.  Em seu encontro com Tachibana, o primeiro, o do capítulo de abertura que é excelente, ela conduz o rapaz por um percurso de atividades que lhe proporcionariam as recordações certas.  Ela sente culpa, afinal, ela crê que ele é um adolescente e que está fazendo questão de pagar por tudo o que ela consome, mas a jovem não consegue dispensar o cavalheirismo.  Já ele parece fascinado pelo caráter impulsivo da moça.  E ambos, vejam bem, ambos, acreditam estar com um colegial.  Ele também não sabe que Wakaba é uma universitária.  

A farsa acaba em um encontro com um policial, ele cobra a carteirinha escolar dos dois, afinal, já era muito tarde da noite, talvez, madrugada, e os dois estavam na rua.  Eles se sentem ridículos, humilhados, mas Tachibana não resiste em aceitar um novo encontro de fantasia.  Ele também viveu muito pouco do que seriam essas experiências idealizadas do colegial.  Fazia parte do clube de basquete (*ele já era muito alto quando entrou no ensino médio*) e as atividades esportivas e a preparação para os exames de admissão na universidade consumiam todo o seu tempo.  Fora isso, ele está fascinado por Wakaba.

No segundo capítulo, os dois invadem uma escola, o antigo colégio do rapaz, durante a noite.  Ele sabia como entrar, já fizera isso antes.  E eles encenam situações em sala de aula que um casal idealizado do colegial teria.  Comparado com o primeiro capítulo, este segundo é meio morno.  No terceiro capítulo, ambos descobrem, como não poderia deixar de ser, que estudam na mesma universidade.  Ela no departamento de Letras-Literatura, ele no de Ciências.  Nada é dito sobre o que ele estua lá.  É um episódio sobre uma feira universitária e seus clubes, Tachibana descobre que o hobby da moça é fotografia, mas que ela nunca se fotografou muito.  O pessoal do clube de cosplay pede que eles se vistam como colegiais dos anos 1980 e os dois terminam, mais uma vez, fantasiados e produzindo novas recordações para a moça.  

Neste terceiro capítulo, há a introdução dos colegas de Tachibana, que querem rir dele, mas terminam chocados com algo que Wakaba fala.  O rapaz nãos e aborrece, ele fica até feliz pelo fato dela parar de se conter, ele prefere a moça quando ela é cabeça de vento e não pensa muito no que fala.  O quarto capítulo é o da visita ao parque de diversões.  Tachibana termina se soltando e aceitando viver algumas situações que mesmo quando adolescente tinha reprimido.  Tudo parecia ótimo, mas Wakaba se lembra que tem um trabalho para o outro dia e que só teria poucas horas para terminar e o livro ela esquecera na faculdade.  Na verdade, desde o primeiro capítulo, Wakaba só tem cabeça para os encontros com Tachibana, ela não consegue se concentrar nos estudos.

Ela mora longe e o rapaz então a convida para ir até a casa dele, ele já fez aquela disciplina, que parece coisa de ciclo básico de todos os cursos e que guardou as anotações. O coração de Wakaba começa a acelerar, afinal, ela vai até a casa do moço, eles são adultos e, bem, sabe-se lá o que pode acontecer.  Até o momento, não tivemos sequer um beijo.  Abraços encenados, sim, mas beijo, não.  A rigor, eles são amigos não namorados.  Fosse um mangá TL, dada a proximidade dos dois, a coisa já teria escalado no primeiro, ou no segundo capítulo.

Enfim, Okuremashite Seishun é mais um mangá shoujo com protagonistas universitários.  Isso aponta para duas coisas, há um nicho para esse tipo de história, vide Yubisaki to Ren Ren, e a Dessert está mirando, também, um público mais velho para que ele não migre para uma revista josei.  Diferente de Yubiren, é uma comédia, não vi sequer um pouquinho de drama em Okuremashite Seishun, o primeiro capítulo, em especial, é engraçadíssimo.  Além disso, ele está dialogando com o romance escolar, afinal, a mocinha quer construir memórias falsas.

Analisando os quatro capítulos, só fico imaginando o quanto ainda vão esticar essa coisa das memórias de uma juventude nunca vivida.  Kabebon não rolou ainda, vai acontecer, olha a imagem acima.  A autora terá que ter muita competência para conseguir criar situações críveis, dentro da lógica da história, claro, de encontros e situações que ambos, afinal, Tachibana também não foi um adolescente padrão shoujo mangá, poderiam ter vividos.  Outra coisa, algo que notei nos sempre interessantes comentários no Bato.to é como as pessoas estavam histéricas até descobrirem que Tachibana não era um colegial de DEZOITO anos, nova maioridade japonesa.  

Se Wakaba estivesse enganando o rapaz, seria errado, agora, por favor, qual a grande diferença entre um adolescente de 18 anos e um de 20?  Essa histeria dos norte-americanos me enerva e não é de hoje.  Aliás, essa noia já chegou por aqui faz tempo (*outro exemplo*).  O povo vê pedofilia onde não existe e se sente desconfortável com materiais ficcionais por motivos absurdos.  Aliás, já escrevi longamente sobre isso e, detalhe, a maioria dos estados norte-americanos tem idade de consentimento, mas, não, de casamento, ou seja, se casar, a gente pode dar um jeitinho.   De qualquer forma, recomendo principalmente o primeiro capítulo.  Mesmo se lido isoladamente, ele é extremamente divertido.

Saiu o novo trailer e a data de estreia de Vampire Dormitory

Em dezembro do ano passado, saiu o primeiro teaser trailer de Vampire Danshi Ryou (ヴァンパイア男子寮) ou Vampire Dormitory, de Emma Toyama, série que irá comemorar os setenta anos da revista Nakayoshi.  Esta semana, foi informado no Comic Natalie e outros sites que a data de estreia da série é 7 de abril, está pertinho já.  

Fiz uma resenha do início do mangá, que não faz bem o meu tipo, mas é muito bem executado, e o básico da história é o seguinte, uma menina pobre-pobre-muito-pobre que, para piorar, fica órfã e termina indo parar na rua, conhece um cara muito bonito (danshi), que, por acaso é um vampiro, que a salva de morrer e a transforma em sua serva.  A partir daí, ela deve viver com ele no dormitório da escola, onde só residem garotos.  Trailer abaixo.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Saiu novo trailer do anime Hananoi-kun to Koi no Yamai (A Condition Called Love) e sua data de estreia

O anime baseado no mangá Hananoi-kun to Koi no Yamai (花野井くんと恋の病), de Megumi Morino, que tem como título internacional de A Condition Called Love. O anime estreará no dia 4 de abril e será exibido na Crunchyroll.  Para quem não conhece a história, o resumo do início do mangá é o seguinte: Hotaru tem 16 anos e é uma estudante do primeiro ano do colegial que sempre foi reticente em relação ao amor, preferindo a companhia da família e dos amigos. Então, quando ela vê seu colega de escola, Hananoi-kun, sentado na neve depois de um rompimento amoroso, ela não pensa duas vezes em se oferecer para dividir seu guarda-chuva. Mas quando ele a convida para sair no meio da sala de aula no dia seguinte, ela não pode deixar de sentir que sua vida está prestes a mudar muito... O novo trailer está abaixo:  

quinta-feira, 14 de março de 2024

Japão dá mais um passo rumo ao casamento igualitário

Hoje, o Tribunal Superior de Osaka decidiu que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo é inconstitucional.  Segundo o Japan Times, a decisão do tribunal foi feita "com uma formulação forte que deverá pressionar o governo e os legisladores a tomarem medidas."  Segundo a decisão de corte superior, que se seguiu a uma decisão distrital de Tokyo com o mesmo sentido, mas palavras menos enfáticas, negar o casamento igualitário é infringir o artigo 14 da constituição japonesa, que transcrevo abaixo: 

Artigo 14.

Todas as pessoas são iguais perante a lei e não haverá discriminação nas relações políticas, económicas ou sociais devido à raça, credo, sexo, posição social ou origem familiar. Pares e nobreza não serão reconhecidos.

Segundo a matéria do JT, a corte de Sapporo estabeleceu em sua decisão que o governo japonês falha em assegurar o que está previsto na constituição, descriminando alguns cidadãos.  Até o momento, "(...) sete tribunais emitiram veredictos sobre a constitucionalidade da proibição de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.  Três decisões, incluindo a última do tribunal de Sapporo, usaram a frase mais forte para descrever a proibição – que é inconstitucional.  Três outros, incluindo a decisão de Tóquio na quinta-feira, usaram uma frase mais fraca, descrevendo a proibição como estando num “estado de inconstitucionalidade”."  Até o momento, somente o tribunal distrital de Osaka afirmou que a proibição é constitucional. [Que vergonha, Osaka!]

A matéria aponta que as pesquisas recentes que a percepção do povo japonês em relação ao casamento igualitário vem mudando, assim como existe a pressão para que o país se adeque a uma tendência entre os países desenvolvidos.  No entanto, persistem as restrições aos casais do mesmo sexo e cito novamente a matéria: "Atualmente, quase 400 municípios e províncias introduziram sistemas de parceria para casais do mesmo sexo, de acordo com o Marriage For All Japan, um grupo que defende o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O sistema de parceria concede-lhes alguns benefícios, como permitir que os parceiros ofereçam consentimento em operações que envolvam um paciente inconsciente, mas não concede proteção jurídica e benefícios fiscais aos casais."

Yuzaki Sakaomi, autora do mangá Tsukuritai Onna to Tabetai Onna (作りたい女と食べたい女), comemorou a decisão da corte de Sapporo no Twitter.  A série, que está na sua segunda temporada de dorama, fala da amizade, que se torna amor, entre duas vizinhas.  Uma delas, Nomoto, gosta de cozinhar, a outra, Kasuga, gosta de comer, e as duas se dão muito bem.


quarta-feira, 13 de março de 2024

Yuzuki-san Chi no Yon Kyoudai。 terá dorama em breve

Um dos melhores animes da temporada passada, Yuzuki-san Chi no Yon Kyoudai。 (柚木さんちの四兄弟。), baseado no mangá homônimo de Shizuki Fujiwara, terá dorama e ele vai estrear no dia 27 de maio.  A série da Betsucomi começou a ser publicada em 2018 e conta a história de quatro irmãos órfãos de pai e mãe.  O mais velho deles, Hayato, é adulto e assumiu a responsabilidade por terminar de criar e sustentar os três outros irmãos, Mikoto e Minato, que tem 11 meses de diferença de um para o outro, e o pequeno Gokuto.

Eu deveria ter pego o mangá para ler, o anime, que eu também não terminei de assistir, é muito bom e cheio de situações que são verossímeis e cheias de sentimento.  O dia-a-dia dos irmãos é cheio de situações ternas, dramáticas, de pequenas brigas (*normalmente protagonizadas pelo impulsivo Minato*), mas sempre mostrando o quanto os irmãos se amam e cuidam um dos outros.  Espero que o dorama seja um sucesso.  O elenco já está escalado: Taiyu Fujiwara (Hayato), Haruto Ōno (Mikoto), Haruhi Yamaguchi (Minato) e Yahiro Nagase (Gokuto).